TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
Ezequiel conta que teve uma adolescência boa, feliz. Em parte pode ser verdade, mas vendo a sua casa, sem cadeiras, sem mesa, quanto menos café, é possível entender por que a rota de fuga foram as drogas. Ele e a mãe trocaram uma das casas do terreno pela reforma do imóvel que habitam. "Estava semidestruída", afirma.
Usuário de crack, cocaína e tudo o mais que pintasse, o jovem roubava para sustentar o vício. Era detido, passava alguns dias na delegacia, no máximo um centro de detenção provisória, e era solto. Em um assalto a ônibus, foi encurralado pela polícia e ficou preso por quatro anos e oito meses. Após dois anos atrás das grades, ficou limpo e começou a série de "insights" comuns a outros que decidem se restabelecer socialmente: mudar de amizades, de hábitos e de vida. Na moita, sem falar aos colegas de cela, porque não pega bem.
Ezequiel completou o ensino médio na penitenciária de Tupi Paulista (SP). Está inscrito no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Estudou mecânica de motores a diesel quando já cumpria pena no semiaberto. Devagar para não assustar, ele foi mudando a rotina, a cabeça. Até que as portas se abriram... para o nada. Fora da prisão desde dezembro, ele foi a 40 entrevistas de emprego antes de desistir da contagem. O diagnóstico de Ezequiel para tamanho insucesso é simples, e, provavelmente, compartilhado por muitos:
“Muita gente acha que se contratar vai pôr um bandido dentro da empresa, essas coisas, né? A dificuldade maior que eu tenho é essa”
Disponível em: https://tab.uol.com.br/ex-detentos/. Acesso em 19 jan. 2022.
TEXTO II
Karine Vieira foi presa em 2005 por um crime que não cometeu. Passou 6 meses no cárcere, até ser absolvida, no ano seguinte. O crime em questão não era dela. A palavra “inocente”, no entanto, não se aplicava ao seu caso.
A experiência em se reinventar como pessoa e cidadã agora é repassada a outros egressos do sistema prisional por meio da Responsa, organização idealizada por ela que ajuda ex-detentos a encontrar trabalho. Criado há pouco mais de dois anos, o projeto já conta com mais de mil presos cadastrados e cerca de 350 pessoas empregadas.
Num momento em que o governo planeja privatizar parte do sistema prisional, por meio de parcerias público privadas (PPP), iniciativas como a Responsa podem servir de modelo para solucionar os problemas do sistema prisional brasileiro.
“Vamos falar a verdade: hoje, não existe trabalho na cadeia. Nem educação, apesar de ser uma exigência legal”, afirma Vieira. “É muito mais barato recuperar o preso do que construir mais presídios. O investimento no encarceramento gera improdutividade. E quando o preso sair, vai voltar para o crime. Não é isso que a sociedade precisa.”
Disponível em: https://invest.exame.com/esg/ela-recuperou-mais-de-300-detentos-com-oportunidades-de-trabalho. Acesso em 19 jan. 2022 (Adaptado)
TEXTO III
O preconceito é o maior desafio que os egressos enfrentam, o que leva as empresas a não contratarem essas pessoas, muitas vezes, devido às políticas internas das próprias organizações. Sem educação, qualificação e quebra de paradigmas não é possível diminuir o índice de reincidência ao crime. O sistema prisional brasileiro não foi criado para ressocializar o apenado, pois não oferece educação efetiva, como está disposto na LEP (Lei de Execução Penal), mas foi criado e continua existindo a fim de reprimir e punir as pessoas que cometem crimes. A reinserção de egressos no mercado de trabalho é um esforço conjunto da sociedade, que envolve mudanças na estrutura do sistema prisional, quebra de paradigmas sociais, esforço do reeducando e abertura de mercado pelas empresas, movimentos que devem estar aliados à atuação do Estado na defesa e na promoção dos interesses desses ex-detentos, que são cidadãos como outras pessoas que não foram condenadas pela prática de crimes.
Disponível em: https://proceedings.science/8o-cbcshs/papers/a-contratacao-de-ex-detentos-no-mercado-de-trabalh o--dificuldades-e-desafios. Acesso em 19 jan. 2022
TEXTO IV
Os dados apresentados abaixo se referem à situação de pessoas que ainda estão dentro do sistema prisional.
Disponível em: https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2019/04/26/menos-de-15-do-presos-trabalha-no-brasil-1-em-cada-8-estuda.ghtml. Acesso em 19 jan. 2022
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "A inclusão de ex-detentos no mercado de trabalho brasileiro", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.